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Mostrando postagens de julho, 2011

Diz a lenda – Cozidão do Buchudo

Por: Beto Ramos Domingo de sol. Dia lindo. Cheio de vida e esperança. Lembrei-me do meu pai. O velho “Buchudo”. Meu pai pintou o céu de Rondônia com muitas cores. Aos domingos ele sempre gostava de fazer um cozidão. Um cozido cheio de verduras e tudo o que vocês possam pensar. Com batata doce, macaxeira, banana comprida, maxixe, couve, repolho, batatinha, jerimum e o que estivesse ao alcance da mão. Como ele dizia era o que dava sustança. Era comer e sair cuspindo bala. Meu pai foi jogador no futebol de Rondônia. Atuou no São Domingos, Cruzeiro... Mas ele gostou mesmo foi do Vasco da Gama do Fera. Os meus domingos são meio vazios. Ainda sinto o cheiro do cozidão do Buchudo. Regado a muita birita. Quando ele enrolava a beira do calção, era difícil segurar o velho beradeiro. Festa durava três dias lá pras bandas da Torre, Jararaca. E lá ia ele com Gonzaga, Moacir, Dom Caxito, Prego, Jarbas, Bedeco, Rufino, Suruca, Roberval, Jaguné, Bezerra, Geraldo (índio), Jorge de

Diz a lenda – O trem passará?

Por: Beto Ramos A vida passando diante dos olhos. O trem parado, sem fumaça e sem vapor. Crianças que ainda não entendem da história, brincam na máquina que é a origem de suas histórias. Pessoas passando a todo o momento. Falando alto. Com passos apressados em busca de algum sonho. Os velhos funcionários da EFMM, já com seus passos lentos, ainda alimentam suas esperanças por dias melhores para os trilhos que sempre ficam em silêncio. Mendigos e tapumes, como a cerca que existiu um dia dividindo o inicio de Porto Velho. Coisas fora do lugar. Lugares sem possuir as coisas de outrora. Galpões cheios de fantasmas que assombram quem imagina que o fim do arco íris é ali. O maior evento cultural daquele espaço bem que poderia ser a reativação de alguns trechos de nossa Estrada de Ferro. Mas, o sonho continua diante da banda que toca alto e exalta o verde que fez a nossa história ficar com um tom acinzentado diante das estrelas dos generais. Os trezentos e sessent

Diz a lenda - Povo

Por: Beto Ramos Eu vi você sair triste por ai. Não se sentou à mesa de um bar. Foi na Madeira Mamoré, e viu as frias construções de concreto que invadiram nossas retinas. A curva do rio ficou estranha. Já não podemos esperar a época da pesca. Eu vi você sair por ai. Olhos perdidos. Agora olhando para cima. São prédios que não possuem quintais. São cheios de segurança. A cada dia colocam abaixo um pedaço da nossa história. O pouco que resta, ainda é motivo de disputas que te fazem ficar mais triste. Ainda existem as castanholas. Mas, até quando? Ali perto da Ladeira Comendador Ceteno, o moderno asfalto soltou-se da rua, e deixou aparecer às pedras de antigamente. Fique bem claro que não são pedras no sapato de quem cuida de nossa história. Eu vi você sair triste por ai. Triste por não se contentar com migalhas que desejam deixar para a história do nosso povo. O poeta cantou: Da Candelária eu vi o trem passar. Sabe poeta vamos todos esperar, e o trem não vai passar.

Diz a lenda – Serra velho

Por: Beto Ramos Essa história ou estória é do tempo em que existia uma igreja de madeira onde fica a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ali no centro de Porto Velho. Também é do tempo em que os namorados passeavam de canoa no lago que se formava atrás do Cine Teatro Resky na época do inverno. Poderia ser do tempo da ponte Guapindaia. Acontecia sempre na semana santa. Serra velho. Está é uma brincadeira, que poucos conhecem. Sua origem é portuguesa. Perto da meia noite, a turma se juntava, saindo para escolher a vítima. Era um vozerio danado pelas ruas. Traziam um serrote, algumas tábuas, para alguns talbas. Dois camaradas acompanhavam somente para chorar. O testamento estava escrito no bolso. Era um barulho infernal, justamente para incomodar o escolhido. Claro que sempre tomavam umas e outras. Logo, alguém começava a ler com voz chorosa: - Seu dono da casa, aqui está o seu testamento, e nós gostaríamos de saber para quem o senhor vai deixar a