Pular para o conteúdo principal

Até breve

Por: Beto Ramos

A luz se apagou.
O poeta usando da tristeza exilou em algum lugar o seu quase samba.
Fecharam-se as cortinas.
Mudou o clima.
Apenas vai chover.
Tempestades com trovões e raios não mudariam o que é belo.
A luz se apagou.
Durante a escuridão o sambista partiu.
Foi ao encontro de algo que nunca encontrará.
Na escuridão não poderíamos ver a imperfeição.
O poeta fecha uma porta que nunca se abriu.
Nunca existiu porta.
O que sempre existiu foi uma porteira.
O sambista se retira apenas para manter as aparências.
Aparências que são visíveis de qualquer ponto das contrariedades.
A luz se apagou.
O sambista não deseja o retorno do seu quase samba.
Nunca existiu bom dia nem boa noite.
O poeta volta para um Porto Velho que tanto ama.
O poeta deseja andar nas ruas antigas.
Quando a luz se apagou, o poeta buscou as lamparinas.
A poesia está triste.
Triste pela falta de luz.
O poeta não deseja compreender os olhares.
Os olhares são tristes e cheios de medo.
O poeta deseja apenas paz.
A força das palavras sempre existirá mesmo no escuro.
A luz se apagou.
O poeta junto com seu samba deseja ficar no escuro.
O poeta não deseja que o reconheçam na subida ou na descida da ladeira.
O poeta vai abrir os braços no meio da praça.
Vai dizer que nunca existiu poesia.
O que sempre existiu foi o silêncio acompanhado de muitas pessoas.
A luz se apagou.

Diz a lenda

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CABARÉ DA ANGELA MARQUES - "PEGA FOGO CABARÉ!"

Vovô Aluízio

Então...  Durante uma década  pescávamos eu meu avô  no barranco  ali na descida  do Caravela do Madeira Eram quartas feiras  onde nos vestíamos de sol  Com os acessórios  de linha e anzóis  Vô Aluízio  fazia iscas feitas de alegria  Muito sorriso  e a alma cheia de igapó  Muitas vezes  pescávamos um monte caicos  Mandis Barbas chatas  Vez por outra mulher ingrata  Numa bela quarta feira  Vovô Aluízio desapareceu  do barranco para sempre  Foi fazer sua última pescaria  no lindo lago do andar de cima Tenho tanta saudade  dos nossos silêncios  Dos planos  se pegássemos um Jaú maceta  Esses dias vou pescar  Nunca mais vai ser Como a descida do barranco Perto do Caravela do Madeia  Beto Ramos de Oliveira 21/10/22