Então...
Dia de despertar
Resolvi me vestir de passarinho
que ficou muito tempo
preso na gaiola do coração
Logo eu
que por tanto tempo
ficou sem palavras
e aprisionado na solidão
Fechando os olhos
voei do precipício do ócio
e abri as asas da liberdade
meio as mangueiras
biribazeiros
pupunheiras
e buritizeiros
Com voos rasantes
percebi que o céu azul
cantado por poetas
estava enegrecido
Gaiolas de fumaça
no horizonte
manchavam o nosso
céu azul
Vai pássaro bobo
te mete a voar
nesse céu de baladeira
que desconhece
a grandeza das asas
do futuro
Voltei pro nosso quintal
que tem cidreira
mamoeiros
cajarana
e uma laranjeira
que está me olhando
com cara de limoeiro
Parece que está falando
“TELÉSÉ?”
Beto Ramos de Oliveira
20/10/22
Era uma vez uma índia chamada Atiolô. Quando o chão começou a ficar coberto de frutinhas de murici, ela casou com Zatiamarê. As frutinhas desapareceram, as águas do rio subiram apodrecendo o chão. Depois o sol queimou a terra, um ventinho molhado começou a chegar do alto da serra. Quando os muricis começaram outra vez a cair, numa chuvinha amarela, Atiolô começou a rir sozinha. Tava esperando uma menininha que recebeu o nome de Mani. Mas, Zatiamarê queria um menino e pouco conversava com Mani. Chateada com a situação, a menina pediu para a mãe para ser enterrada viva, ainda mais poque a sua genitora deu à luz um homem, Tarumã, para a alegria de Zatiamarê. A mãe de Mani atendeu ao seu pedido. Passou muito tempo. Um dia Atiolô sentiu saudade da filha e foi na mata procurar onde havia enterrado o seu corpo. Ao invés de Mani, encontrou uma planta alta e verde, mas estranhou o tamanho da planta. “Uma planta tão comprida não pode ser a minha filha”, disse. Na mesma hora a planta se dividiu.
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