Pular para o conteúdo principal

O PEIXE PODE QUEIMAR

Por: Beto Ramos

O peixe fritando e todos de olho no gato ao lado do fogão.
Alguém chorando sem lágrimas nos olhos.
A poesia em alta sem palco e sem teto.
O cantor gritando quando deveria cantar.
O bar vendendo chá das cinco quando deveria vender cerveja gelada.
O menino mijão sem banheiro para aliviar.
Restou Porto Velho do meu coração.
São tantas as esquinas.
Mas, nós escolhemos a esquina principal do nosso centro histórico.
O povo aplaudindo e a chuva chegando.
O palco esquentando e as goteiras caindo.
O peixe queimando e o gato pulando.
Alguém continua chorando.
O poeta falando. O povo sem entender.
O tempo passou. O mundo mudou.
Os artistas de porto precisam de atenção.
Alguns quando nos vêem batem na madeira.
Batem na madeira errada.
A madeira vira lenha.
A festa acabando.
O menino coletando as latinhas de cerveja.
O menino vendeu as latinhas e ganhou algum.
Todo mundo ganha.
E os artistas principais?
Os artistas estão sem texto.
Precisamos é abrir os olhos.
Acho que vamos chorar também.
O samba não pode se calar.
Chorar que nada, vamos é cantar.
Porto Velho merece respeito.
Sempre fica a história dos homens.
O problema é saber o real valor da nossa cultura.
O peixe fritando e todos de olho no gato ao lado do fogão.
Quero ver é se este peixe queimar.
O gato vai fazer o que se todos estão de olho nele!
Alguém continua chorando.
Artista precisa de inspiração.
Linda a lua das noites de Porto Velho.
Iluminando a esquina principal do nosso centro histórico.
Alguns querem viver na escuridão.
Não desejam ver que a luz da lua ilumina o sucesso de todos.
Alguém falou da Escola de Castro Alves.
Talvez tenha razão.
O menino mijão passou correndo por aqui.
Foi fazer xixi lá na Praça Getúlio Vargas.
É que o banheiro estava muito sujo.
Bem, nós fazemos a nossa parte.
Alguns precisam compreender para crescer.
Diz a lenda!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CABARÉ DA ANGELA MARQUES - "PEGA FOGO CABARÉ!"

Vovô Aluízio

Então...  Durante uma década  pescávamos eu meu avô  no barranco  ali na descida  do Caravela do Madeira Eram quartas feiras  onde nos vestíamos de sol  Com os acessórios  de linha e anzóis  Vô Aluízio  fazia iscas feitas de alegria  Muito sorriso  e a alma cheia de igapó  Muitas vezes  pescávamos um monte caicos  Mandis Barbas chatas  Vez por outra mulher ingrata  Numa bela quarta feira  Vovô Aluízio desapareceu  do barranco para sempre  Foi fazer sua última pescaria  no lindo lago do andar de cima Tenho tanta saudade  dos nossos silêncios  Dos planos  se pegássemos um Jaú maceta  Esses dias vou pescar  Nunca mais vai ser Como a descida do barranco Perto do Caravela do Madeia  Beto Ramos de Oliveira 21/10/22