Por: Beto Ramos
Porto Velho amanhece triste.
Com peixes sem rumo quase morrendo afogados.
Lágrimas nos olhos do rapaz, que lê a reportagem.
Ele não sabe que o seu futuro, poderia custar o fim da piracema.
Chegaram os matadores de histórias.
Armas nas mãos.
Máquinas, monstros fora de estrada que modificam tudo.
Pobre rapaz!
- Olha o peixe, do viveiro do futuro!
O rio chora.
- Mãe, me deixa pescar no rio?
- Não, tá muito cheio com o banzeiro muito bravo!
O pobre rapaz veio de longe e não tem noção da tristeza da cidade.
Foi demitido, encontrando-se jogado lá no Campo 13 de Setembro.
Ele quer o peixe para tirar gosto com cachaça.
Pobre rapaz ajudou a destruir e quase foi destruído.
- Mãe, o homem tá chorando lá no campo!
- Ele quer voltar para casa meu filho!
Pobre rapaz, o impacto o atingiu.
O peixeiro segue vendendo o seu peixe de viveiro.
Como o rapaz, os peixes do rio Madeira, estão sem rumo e definhando na natureza que lhes pertencia.
Diz a lenda
Era uma vez uma índia chamada Atiolô. Quando o chão começou a ficar coberto de frutinhas de murici, ela casou com Zatiamarê. As frutinhas desapareceram, as águas do rio subiram apodrecendo o chão. Depois o sol queimou a terra, um ventinho molhado começou a chegar do alto da serra. Quando os muricis começaram outra vez a cair, numa chuvinha amarela, Atiolô começou a rir sozinha. Tava esperando uma menininha que recebeu o nome de Mani. Mas, Zatiamarê queria um menino e pouco conversava com Mani. Chateada com a situação, a menina pediu para a mãe para ser enterrada viva, ainda mais poque a sua genitora deu à luz um homem, Tarumã, para a alegria de Zatiamarê. A mãe de Mani atendeu ao seu pedido. Passou muito tempo. Um dia Atiolô sentiu saudade da filha e foi na mata procurar onde havia enterrado o seu corpo. Ao invés de Mani, encontrou uma planta alta e verde, mas estranhou o tamanho da planta. “Uma planta tão comprida não pode ser a minha filha”, disse. Na mesma hora a planta se dividiu.
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