Pular para o conteúdo principal

Diz a lenda – Um trem para as estrelas

Por: Beto Ramos

Pegamos um trem para as estrelas.
Mas, quem não sabe brincar não brinca.
Quem seria o maquinista da Máquina 50?
Fui comentar com minha filha sobre os trens da Estrada de Ferro, e na
sinceridade de criança, ela veio logo dizendo que espera desde pequena
para dar uma volta no trem.
- Ouvi na televisão um monte de conversa a respeito da revitalização da nossa Estrada de Ferro.
- É Pai, sei não!
Eu, sem texto.
Pegamos um trem para as estrelas.
Cada vagão um seguimento da nossa sociedade.
Como era um trem para as estrelas, muita luz, alegria, poesia, música e muita lenha para a fogueira.
Na estação, chegando meio atrasado por culpa do Beto Ramos, o Zola
Xavier, com a mão na ponta do queixo, ia dizendo: - Mano Velho, não é
que a Maria Fumaça vai nos levar numa viagem com muitas cores!
Muita movimentação no pátio da estação.
Lá vem a turma do teatro.
Os Anjos da Madrugada, todos de branco.
O Duo Pirarublue chegava com a lenda do boto.
A Fina Flor do Samba vinha com o poeta da cidade sob seu comando.
Talentos Brasil veio cheio de palavras, deixando muita saudade, ao som
do ganzá soberano como a curva do rio.
E as escolas de samba, todas unidas, cantavam um enredo para todos os
dormentes da Estrada de Ferro.
Os bois bumbas iam chegando e levantavam a toada mais linda, cantada
pelos amos que amam Porto Velho da velha Estrada de Ferro.
Cinco e meia vai aparecer o Bubu.
Unidos, a ACLER e ACRM, desciam à ladeira, sérios, com ar de
desconfiança, mas também felizes por pegarem o trem para as
estrelas.
A galera da Quinta da Seresta, já cantava a verdadeira seresta para o
trem há muito esquecido.
Toda colorida e cheia de sorrisos, a Bailarina da Praça, tomava a
frente de todos.
Gervásio e Bacu, como atletas da melhor qualidade, representavam o
futebol.
Chegava o povo.
Pessoas do Mocambo, Triângulo, Baixa da União, Caiari, Olaria,
Arigolândia, Santa Bárbara, Beiradão vestiam-se com roupas de todas
as nações que construíram a EFMM.
Apareceram, na calçada quebrada do Prédio do Relógio, muitos
estudantes.
De todas as escolas de Porto Velho.
Muitos, talvez nunca tenham visto o trem, quanto mais às estrelas.
Quem não sabe brincar não brinca!
Festa na estação.
E os músicos já se movimentavam para cantar o Hino do Município de
Porto velho e o Hino de Rondônia.
O Binho e o Bado lembravam do espetáculo “Farinha do Mesmo Saco”.
Quem seria farinha do mesmo saco?
E a fumaça do trem já espalhava no ar o cheiro bom da esperança.
- Vai partir o trem para as estrelas!
- Atenção senhoras e senhores!
- Tomem seus lugares, pois vai começar uma viagem em busca da nossa
identidade.
- Quem vai partir, cante primeiro o Hino do Município de Porto Velho!
- Quem deseja voltar para esta estação, cante o Hino de Rondônia.
E muitos já começavam a cantar:

No Eldorado uma estrela brilha
Em meio à natureza, imortal:
Porto Velho, cidade e município,
Orgulho da Amazônia Ocidental...

- Vai partir para as estrelas muitos de nossos sonhos.
Mas, quem pode partir?
Quem vai autorizar a saída do trem para as estrelas?
Independente de autorização ou não, todos os vagões já estavam
ocupados.
Uma carapanã Karipuna, já começava a voar e zumbir em todos os ouvidos, dizendo:
- Este trem não vai partir ta faltando maquinista!
Sabendo do zumbido da carapanã Karipuna, Lúcio Albuquerque, Willian
Haverlly, Professora Yedda, Ernesto Melo, e muitos outros desciam dos
vagões e formavam um batalhão sem conotação militar, mas, com a força do povo e levantavam para as estrelas suas palavras em defesa da nossa
história.
Discursos acalorados e cheios de razões para que se inventasse um
maquinista à altura de nossa história.
E o povo começava a criar um varal de poesias para que o trem partisse
para as estrelas.
E o Zecatraka cheio de novidades sobre a viagem que fez muitas vezes.
Alguém gritou:
- Chegou à autorização!
- Ocupem seus lugares!
Escolheram o maquinista nas infinitas reuniões.
O Zola da janela do vagão comentava:
- Mano Velho este trem é caçambada de beiradão?
Vai partir o trem para as estrelas.
Vai cheio de emoção.
Nós, que somos alguns dos vagões, iremos cantando por dias melhores.
Hei cadê o trem?
Nas estrelas ele vai chegar, quero ver chegar é em Guajará ou pelo
menos em Santo Antônio!
Cantem todos.
Dancem e encenem a melhor peça do quebra cabeça de nossa história.
O vagão vai balançando.
Vem cinza como brasa queimando a camisa chique do poeta.
Vem cinza quente como brasa para queimar a língua dos donos da voz.
Este mosquito Karipuna insiste em ficar voando perto dos nossos
ouvidos.

Diz a lenda

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

COMO NASCEU A PRIMEIRA MANDIOCA

Era uma vez uma índia chamada Atiolô. Quando o chão começou a ficar coberto de frutinhas de murici, ela casou com Zatiamarê. As frutinhas desapareceram, as águas do rio subiram apodrecendo o chão. Depois o sol queimou a terra, um ventinho molhado começou a chegar do alto da serra. Quando os muricis começaram outra vez a cair, numa chuvinha amarela, Atiolô começou a rir sozinha. Tava esperando uma menininha que recebeu o nome de Mani. Mas, Zatiamarê queria um menino e pouco conversava com Mani. Chateada com a situação, a menina pediu para a mãe para ser enterrada viva, ainda mais poque a sua genitora deu à luz um homem, Tarumã, para a alegria de Zatiamarê. A mãe de Mani atendeu ao seu pedido. Passou muito tempo. Um dia Atiolô sentiu saudade da filha e foi na mata procurar onde havia enterrado o seu corpo. Ao invés de Mani, encontrou uma planta alta e verde, mas estranhou o tamanho da planta. “Uma planta tão comprida não pode ser a minha filha”, disse. Na mesma hora a planta se dividiu.

01 aninho da Nauanne

No dia 27 de junho o cumpade Ricardo e a cumade márcia, festejaram o primeiro aninho da Nauanne. A felicidade estava nos rostos dos pais corujas. Fica aqui o nosso abraço e desejos de muitas felicidades para Nauanne. A festa foi linda...aqui a corujisse do dindo Beto Ramos e da dinda Rosimere Marques.

CABARÉ DA ANGELA MARQUES - "PEGA FOGO CABARÉ!"