Pular para o conteúdo principal

Diz alenda - Contar mais cinco

Por: Beto Ramos


O Curupira atraiu o caçador que estava vestido de branco.

Cheio de medo ele saiu fumaçando pela mata sem encontrar o caminho.

Assustado, foi parar na beira do rio atraído pelo canto da Mãe d’água.

Montado num Caititu, o Curupira passou azulado sorrindo com seu cachimbo na boca.

O caçador livrando-se da beleza da Mãe d’água saiu de fininho sem dar um pio.

Nas sombras da floresta, começou a ver visagens.

Lá vem a Matinta Pereira.

Seria ela uma velha bisbilhoteira querendo assustar o caçador?

- Nunca mais vou caçar e nem seduzir!

E correu para bem longe.

Estava ouvindo vozes dentro da mata.

Seguiu novamente em direção ao rio.

Encontrou a Boiúna pensando que era um navio que poderia socorrê-lo.

A Boiúna transforma-se em navio fantasma.

O caçador como uma criança ficou com vento caído, pois logo encontrou o Caipora.

Cuidado com o caiporismo!

Quem lembraria de Dona Cotinha?

Mas naquela mata não existia rezadeira.

E lá vem novamente o Curupira junto com o Caipora.

A Mãe d’água vem logo atrás com o seu belo canto.

Também a Matinta Pereira junto com a Boiúna.

- Nunca mais vou caçar e nem seduzir!

Ele começou a lembrar de muitas coisas.

Até cantou “Fui à Espanha”, “Marcha Soldado”.

Mas, o caçador não estava louco.

O que ele não sabia é que o Curupira é um espírito bom e protetor.

E tudo aquilo era apenas um grande susto.

Escondido atrás de uma árvore, quem dava sonoras gargalhadas era o Saci-Pererê.

O malandrinho estava apenas querendo se divertir.

Quem sabe o caçador não brincou nos Bumbas Sete Estrela, Prata Fina e Caprichoso?

O que é o que é?

Fala e não tem boca, anda e não tem perna?

Quem não pode com o pote não pega na arrodilha.

O caçador vestido de branco e sem nunca tirar o chapéu da cabeça, voltou para dentro do rio e transformou-se novamente num boto.

Desta vez não caçou e nem seduziu nenhuma donzela, apenas levou um susto muito grande.

E tem a estória do pato e existe a estória do pinto, quem souber contar mais, que conte mais cinco.



Diz a lenda

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CABARÉ DA ANGELA MARQUES - "PEGA FOGO CABARÉ!"

Vovô Aluízio

Então...  Durante uma década  pescávamos eu meu avô  no barranco  ali na descida  do Caravela do Madeira Eram quartas feiras  onde nos vestíamos de sol  Com os acessórios  de linha e anzóis  Vô Aluízio  fazia iscas feitas de alegria  Muito sorriso  e a alma cheia de igapó  Muitas vezes  pescávamos um monte caicos  Mandis Barbas chatas  Vez por outra mulher ingrata  Numa bela quarta feira  Vovô Aluízio desapareceu  do barranco para sempre  Foi fazer sua última pescaria  no lindo lago do andar de cima Tenho tanta saudade  dos nossos silêncios  Dos planos  se pegássemos um Jaú maceta  Esses dias vou pescar  Nunca mais vai ser Como a descida do barranco Perto do Caravela do Madeia  Beto Ramos de Oliveira 21/10/22